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A periferia produz, mas cês fingem que não vê

Marcha da periferia, dezembro de 2019. Foto por Joana. Instagram: @peixesafo

A arte periférica parece engolir toda a obra de arte da cultura culta transformando tudo ao seu redor em arte-vida e não para a manutenção da ignorância e diversão da burguesia, o rolê é diferente porque “aqui tem pra dar e vender, nós somos inigualáveis, nós somos inabaláveis não seremos descartáveis” ¹.

Cada obra criada a partir da vivência cotidiana e dos atravessamentos de quem a produz, não acontece para que se alcance apenas um reconhecimento pessoal de sua criação, é sobre dar cor e vida à realidade, é sobre dar voz a quem por muito tempo foi calado, é para que se tenha também um uso tanto para quem cria como para quem a consome.

Na nossa Teresina é assim, nossos artistas oriundos das comunidades e periferias produzem conteúdo de forma constante, há bastante tempo e em diversas áreas. Ocupando as ruas, botando a cara, mostrando o que faz e que faz muito bem, mas é aquele rolê, a periferia produz e cês fingem que não vê.

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Acredito que a preocupação em apresentar uma arte e cultura higienizada, nos coloca cada vez mais nas marginais, apaga nossa história, memória e vida. O corre é de mil grau para quem é artista marginal, pois você tem que ser seu tudo.

Da criação a produção é ter que se virar nos 30 para conseguir fazer aquilo que ama e na maioria das vezes os trancos e barrancos, somente como apoio dos nossos, pois se não fosse o movimento undergroud pra se sustentar, acredito que seria bem mais barra pesada já que “tudo que nois tem é nois” ².

Cientes de que em cada verso, som, movimento e traço, tem história, tem sangue e suor para que sigamos construindo e colocando para fora todo sentimento em forma de arte pra fazer nossa cena e nosso corre coletivo virar.

No verso que se conta a vida daquela tia que viu o filho partir tão cedo vitima da violência, nos beats que embalam o baile e dão motivo pra sorrir em meio ao caos. A cada movimento do corpo pulsa vida e ele se liberta de si mesmo, num ato político contraria a estatística que possivelmente em 23 minutos deitaria aquele corpo preto ao chão. Cada traço desenha um novo caminho dando cor e vida estampada nas paredes da quebrada dessa juventude que se autocria e recria o seu modo de viver pra sobreviver.

A arte periférica existe e resiste, mas parece que cês num vê!

Só fica ligado que tamo a crescer, a cada dia roubando a cena e tomando de assalto. Como num salto pouco a pouco estamos conquistando nosso espaço, é porque agora a gente tá na moda, pode até ser novidade pra você. Mas há muito tempo a periferia produz muito, só que cês fingem que não vê.

Revisão: Mateus Abreu, instagram – Instagram.com/zemateusar/

¹ SOMOS part. Nafty (Prod. By Eeryskies) | COLAB – PRA DAR E VENDER – A TRINCA, 2020.
² Emicida – Principia part. Pastor Henrique Vieira, Fabiana Cozza, Pastoras do Rosário, 2019.

 

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