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Considerações sobre pincelar a tragédia humana, por Alisson Carvalho

Não deve ser fácil perceber o fim, enfrentar o passamento num lugar estruturado sobre a base cristã, cuja morte é geralmente adornada com um profundo pesar e drama. A forma como trabalhamos a finitude diz muito sobre quem somos. Afinal, nossa negação da morte, nossa resignação diante do passar dos anos, faz do descolorir dos cabelos nada mais que a degradação da vida.

Contudo tem sempre aquele povo de enxerga a morte de forma menos sombria e associa a velhice à sabedoria. Para alguns, as rugas, o descolorir dos cabelos e o acumulo de experiência é algo benquisto. E como iconoclastas do pretérito, estamos sempre em busca da novidade, descartando os símbolos do nosso passado. Negar as nossas tragédias pessoais e a nossa finitude é negar uma parte importante dessa nossa história que muitas vezes foi construída com muita violência e derramamento de sangue.

Cultuamos a ignorância, ignorar a verdade é mais confortável, afinal de contas a responsabilidade social é sempre um grande peso e exige certo esforço, nos força sair da zona de conforto, incomoda quem se acostumou com o ócio e o ostracismo.

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A humanidade tem os seus avanços e retrocessos, um trajeto que, vez por outra, se transforma em “objeto de estudo” de historiadores, antropólogos, sociólogos e demais cientistas; por isso, reforço algo que li num dos livros do Eric Hobsbawm ou que um dos professores disse sobre os processos históricos lá no primeiro período da graduação:

“A arte é, talvez, uma das primeiras formas de perceber e traduzir as mudanças sociais.”

Nutrido por essa lembrança dúbia, mas que impregnou a minha memória, mergulho em graves reflexões sobre as obras dos artistas visuais Edilberto Sobrinho e Pedro Paiva cuja “leitura” me fez enfrentar a temática do devir, impregnado do incômodo, divagando sobre a catarse e provando do dissabor do desvelamento de questões consideradas tabu.

Da pornografia que revela tanto moralismos quanto as atrocidades que forjam e são produto da violência física e simbólica de uma sociedade desigual, as obras desses artistas demonstram o caos e os conflitos que provoca qualquer alma sensível e que atravessa a sociedade contemporânea, sobretudo que demonstra um pouco das tensões sociais vivenciadas atualmente nessa Mesopotâmia nordestina.

E é essa a beleza rabiscada sob as camadas de técnicas e pinceladas exóticas que costuma chocar os olhares mais desavisados, além, é claro, de revelar como nossa sensibilidade é subjetiva, dotada de ideologias e enviesada com os nossos conceitos. Ou seja, escolhemos o que nos choca, o que nos atinge a nossa moral.

É possível que a tragédia humana seja dotada de juízos de valor que adicionam camadas sobre os nossos olhares, direcionam nosso foco e acentuam quem nós somos. É instigante perceber que sob a superfície calma do Rio Parnaíba existe um turbilhão caótico em suspensão, esperando a oportunidade certa para implodir e, quem sabe, explodir causando a desestruturação dessa violenta e utópica harmonia. A tragédia é um grito contra a acomodação, dizendo: “Estamos vivos e não estamos dopados”.

por Alisson Carvalho

Imagem: Pedro Paiva

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